Abre aspas...

Conversas e citações o mais perto da realidade possivel...conforme a minha cabeça consiga reter, excertos de livros e algumas histórias

segunda-feira, maio 28

“(…) Quando ouviu a pancada contra o rebordo metálico do balcão já tinha a mão do Rubirosa diante dele e o vidro rachado da garrafa de genebra, aquele gargalo partido, precisamente na boa do estômago, a roçar-lhe a camisa branca. (…)
_ Sai daqui ou mato-te, saco de merda _ o Rubirosa falava sem quase abrir a boca.
O Miguelito olhou para o empregado, que continuava ao fundo do bar. Os olhos do Rubirosa. E então ela moveu-se.
_ Deixa-o _ a mão da Luli Gigante depositou-se docemente sobre a do Rubirosa, molhando-se de genebra, e a pressão do vidro cedeu um pouco. Uma mancha vermelha, um círculo minúsculo de sangue apareceu na camisa do Miguelito. A Luli olhou-o nos olhos. _ Vai-te embora.
«Mais que o hálito do Rafi, mais que aquela espécie de sorriso de louco com que o anão Martinez ficara e mais do que o olhar do Rubirosa, doeu-me a mão dela na mão dele. Senti que não era a primeira vez que se tocavam e já não soube quem enganava quem. E também senti que aquela era a forma dela fincar no fundo do meu estômago aquele bocado de vidro ou outro ainda mais afiado. Fazer-me duvidar do passado e sobretudo fazer-me ver o futuro com aquele gesto, os seus dedos de menina sobre as veias daquela mão. Já nada valia nada. (...)»”
Livro O caminho dos ingleses, Antonio Soler
Observação: Para melhor compreenderam este ultimo excerto, a Luli é namorada do Miguelito. O Rubirosa anda atrás da Luli e o Rafi e o Matinez são os seus companheiros. Eles descobriram que o Miguelito enganava a Luli e contaram-lhe. O excerto refere-se quando o Miguelito chega ao bar, depois de acabar com a outra, e decidido a contar tudo a Luli, mas no entanto ela acabou, nesse momento, por saber pelos outros. A ultima parte é o Miguelito a falar.
Alguma duvida que vos impeça de comentar digam por favor.

2 Comments:

Blogger Ricardo Pereira said...

só passando pelas situaçãos pelas quais fazemos os outros passar lhes poderemos dar o devido valor... traição! essa coisa horrivél e abominavél que nos pode manchar a consciência ou encher de duvidas e incertezas... "fui eu quem a traiu primeiro? era ela quem já me traía?" não ficámos a saber... mas sabemos que apenas um gesto pode denunciar toda uma parafernália de sensações e pensamentos... estejam eles certos ou errados! Beijinhos kerida.

29/5/07 19:04  
Blogger Ricardo Pereira said...

tinha muito mais para dizer, ou menos do que o que disse mas mais esclarecedor na maneira de me explicar... mas não fui capaz... estranhamente fiquei com um nó no estômago por ele, não obstante o facto dele ter traido, que não o iliba de nada... já viste o que é, se excluirmos esse factor, uma pessoa aperceber-se disso quando se entregava totalmente... fez-me pensar numa coisa que me contaste ontem em relação a uma amiga tua por exemplo. é um bac do género...

29/5/07 19:16  

Enviar um comentário

<< Home