Abre aspas...

Conversas e citações o mais perto da realidade possivel...conforme a minha cabeça consiga reter, excertos de livros e algumas histórias

terça-feira, outubro 2

Uma tarde no centro de saude


Conselho de leitura: Ler devagar, com grandes pausas nos parágrafos.


Hora de chegada: 14h15.
Tiro a senha: 82.
Numero no mostrador: 81.
Numero de pessoas ao balcão: 0.
Passado 15 minutos: aparece o número 82 no mostrador.

Sendo simpática: Olá, boa tarde! Era para marcar uma consulta com a doutora.
A senhora sendo simpática também: O seu cartão por favor.
Pega num pequeno quadrado de papel branco onde já tem um nome escrito e escreve o meu.
Senhora continuando simpática: Deixe-me ver o número da senha…82. _ Escrevendo perto do meu nome_ Muito bem agora é só aguardar.
Continuando simpática: Aguardar? Mas a doutora chega só às 16h, não posso ir embora e voltar?
Senhora menos simpática: Não. Se não perde a vez. _ com uma cara de “Obvio!”.

Sento-me. Hora: 14h35.
Pego numa revista. Data: Maio. Desfolho-a, leio partes.

Um senhor começa a chamar nomes. Hora: 14h50.
Não oiço o meu.
Pego noutra revista. Data: Abril. Desfolho-a.
Ajeito-me na cadeira. É desconfortável.
As pessoas falam. A senhora do balcão manda-as calar.
Na televisão dá um programa interessante. A televisão está sem som. Tem uma senhora num quadradinho, no canto inferior direito.
Desejo saber linguagem gestual.
Pego noutra revista. Data: Junho. Vejo as imagens.

Chega a doutora. Hora: 15h30.
Chegou mais cedo. Boa!
Começa a chamar nomes:
_ A senhora pode já entrar.
_ O senhor espera.
_ A senhora espera.
_ Minha senhora hoje já não tenho tempo para si. Amanhã.
_ A senhora espera só um pouco que entra logo depois da outra.
Chama o meu.
_ Diga.
_ É só para actualizar a data desta cardencial.
_ Ah trago-lhe já isso. _Pega no papel e desaparece.

Volto à cadeira. Hora: 15h45.
Começa um novo programa na televisão. Tem legendas. Assunto: Como construir um tanque de guerra. Não pretendo construir nenhum.

Sai a primeira senhora. Hora: 16h.
Entra a segunda.
Olho para a rua. Não há movimento.
Mudo de posição.
Mudo novamente de posição.

Tenho sono.
Tento prestar atenção ao programa.
Levanto-me. Leio informações num placar. Leio tudo.
Dou uma volta.
Sento-me na mesma cadeira.
Mudo de cadeira.
Encontro uma nova revista. Não olho para a data.

Chamam o meu nome. Hora: 16h40.
Assusto-me. Deixo cair a revista no chão.
Levanto-me rápido, não vá perder a vez. Dirijo-me ao balcão.
_ A doutora diz para ir ter com ela ao gabinete.
Finalmente. Não faço ideia onde seja o gabinete.
Passo portas. Sala de tratamentos. Sala de enfermaria… Gabinete 1. Gabinete 2, tem o nome dela. Entro.
_ Ah peço desculpa! Aqui tem._ estende-me os papeis_ Agora é só carimbar.
Saio. Regresso à sala de espera. Apanho a revista e ponho-a no sítio.
Volto ao balcão.
Sendo simpática: Desculpe! Para carimbar é preciso tirar outra senha não é?
Outra senhora muito simpática: É sim!

Tiro outra senha: 32.
Hora: 16h42.
Numero no mostrador: 30.
Numero de pessoas ao balcão: 2.
Sento-me numa cadeira. Está quente.
Bato o pé e inspiro fundo. Está quase…
Numero de pessoas ao balcão: 1.
Numero no mostrador: 30.

A pessoa sai do balcão.
Hora: 17h
Numero no mostrador: 31.
Ninguém responde ao 31.
Endireito-me.
Ninguém responde ao 31.
Numero no mostrador: 32.
Corro para o balcão.
A senhora simpática pega nos papéis.
Tento ser simpática: Vocês não têm Multibanco pois não?
A senhora pára e olha para mim com um ar confuso.
“Será que estou a dizer algum disparate?”
Pergunto: Isso tem de se pagar não é?
Senhora séria: Mas então a menina não se inscreveu para a consulta?
_ Inscrevi…_ respondo não tendo bem a certeza.
_ Não. Não está aqui._ responde a senhora consultando uma lista.
_ Mas a sua colega escreveu o meu nome… E a doutora chamou-me.
_ A doutora chamou-a mas você não está aqui.
_ A sua colega escreveu o meu nome e o número da minha senha num papel…_ tentando esclarecer.
_ Você ouviu o senhor chamar o seu nome?
Paro para pensar.
_ Não. Não chamou.
_ Você veio ao balcão?
_ Não._ a pensar que ela se referia a uma segunda vez.
_ Entãooo!!_ com impaciência, como se estivesse descoberto a causa do problema.
Tento me controlar.
_ Espere! Eu cheguei, tirei uma senha, vim ao balcão, a sua colega escreveu o meu nome e a minha senha num papel que já tinha mais nomes e disse para eu aguardar.
_ Então o senhor deve ter dito o seu nome, você é que não ouviu!
Respiro fundo.
_ Sim…provavelmente.
_ Bom…_ volta a simpatia_ vai pagar ou fica a dever?
_ Não, não! Eu vou ali ao Multibanco e venho já pagar. _ tentando voltar à simpatia.
_ Então fica a dever._ a simpatia desaparece.
_ Então mas eu vou só levantar dinheiro e venho já pagar.
_ Mas não precisa de vir cá de propósito pagar.
_ Mas então tenho algum limite para pagar? Como é que funciona?
A senhora fica intrigada. Vira-se para a colega do lado.
_ Há algum limite para a senhora pagar?
_ Não. Depois recebe é uma carta em casa. _ responde a colega, com um ar super natural.
Fico baralhada, sinto a mente lenta.
_ Mas não há problema_ digo eu a sorrir para controlar a irritação_ eu vou ao Multibanco e volto já!
_ Não precisa de pagar já. _ responde-me a colega com o seu ar natural.
_ Mas eu não quero receber uma carta em casa!_ respondo eu já a rir-me para não gritar.
Faz-se silencio. A senhora que está a atender-me olha para mim com um ar atónito.
_ Bem eu já lhe expliquei._ responde virando-se para o computador. _ Então fica a dever?
_ Faça como quiser, como achar melhor._ respondo desistindo.
_ A senhora não me responda assim! Eu estou a ser bem-educada consigo portanto não tem nenhuma razão para responder assim._ responde muito ofendida.
_ Tem razão. Peço desculpa. _ respondo para que ela se despache.
_ Pronto…_ volta a simpatia, faz de conta que nada aconteceu_ já está!_ diz com um sorriso entregando-me os papéis.
_ Diga-me só quanto é por favor. _faço de conta que nada aconteceu.
Senhora simpática: Dois euros e dez.
Fingindo-me simpática: Obrigada. Para a semana venho cá pagar. Adeus. Boa tarde.

Hora de saída: 17h30.

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quarta-feira, agosto 29

Televisão

"Quando compra formatos televisivos infantis, tem alguma preocupação pedagógica?
Não. A televisão não tem de ter uma função pedagógica. O que se quer passar às pessoas é alegria, força, que tudo é possível. Claro que não se deve passar mensagens imorais, seja às crianças ou aos adultos. Mas o objectivo principal de uma estação de televisão, é igual ao de uma «Miss»: «Nós queremos ser felizes.» E o dr. Balsemão acrescentaria: «E ricos, numa casa confortável, para sempre.» (Risos)"
Teresa Guilherme em entrevista a Única,
de 21 Julho de 2007

quarta-feira, agosto 22

Comportamentos II

Uma praia, uma família constituída por dois casais, avós e netos. A uma distancia de sensivelmente 3 metros está um casal, o homem de barriga para baixo e a mulher de barriga para cima.
As crianças da família (crianças dos 5 aos 9 anos) estão a brincar com uma bola que vai bater na mulher do casal. As crianças vão pedir a bola, mas a mulher esconde-a atrás dela e recusa-se a devolve-la. Chorosos os miúdos vão ter com a avó, que vai falar com a senhora.

Avó (com voz de avó) _ Desculpe pode devolver a bola aos miúdos…foi sem querer…
Mulher (notavelmente chateada) _ Eu já os avisei…é a terceira vez que a bola me vem bater…eu estou grávida!!
Avó_ Eles não percebem português… são só crianças, não fazem de propósito…
Mulher (cada vez mais irritada) _ Mas eu já os avisei…três vezes…e agora vou ali entregar a bola ao senhor nadador-salvador…
Avó (continuando com a voz de avó) _ Eu peço desculpa, mas eles não percebem português…tadinhos!
Mulher_ Não me interessa, eu estou grávida…já os avisei…eles têm de aprender!

Nisto aparece a mãe dos miúdos por detrás da mulher, tira-lhe a bola gritando-lhe “ESTUPIDA!” e devolve-a aos miúdos.
O homem ao lado da mulher não se mexe, o pai das crianças não se mexe, o avô das crianças não se mexe...

Mulher em fúria_ PARVA PAH!! Mal-educada pah!... Não sabe educar os filhos!!... Que PARVA PAH! ... Estúpida…_ e continuou a resmungar sozinha.

Avó já perto da família_ MENINOS….VENHAM CÁ À AVÓ!!! (em Português)
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quinta-feira, agosto 16

Citação III

Minha alma é de todo o mundo, todo o mundo me pertence.
Aqui encontro e confronto com gente de todo o mundo que a todo o mundo me pertence.
Nota: Material fornecido por Jorge Duarte ;)

segunda-feira, julho 23

Gostos!

Um supermercado, uma caixa de supermercado, a rapariga da caixa e o cliente: uma senhora, na casa dos trinta, classe media com um olho torto.
Na caixa atrás começa uma criança a chorar.

Cliente sorrindo: Ahh… Adoro ouvir as crianças a chorar no supermercado…
Rapariga: Desculpe?!
Cliente: Ficam tão queridos quando fazem birras…são tão queridos!!
...

sexta-feira, junho 29

Excertos VI

“(…) Conhecia muita gente por aquelas bandas – e por isso gostava de viajar. A gente acaba sempre por fazer amigos novos, e sem a necessidade de ficar com eles dia após dia. Quando vemos sempre as mesmas pessoas – e isto acontecia no seminário – acabamos por considerar que elas fazem parte das nossas vidas. E como elas fazem parte das nossas vidas, passam também a querer modificar as nossas vidas. E se nós não formos como elas esperam, ficam chateadas. Porque as pessoas têm a noção exacta de como devemos viver a nossa vida.
E nunca têm a noção de como devem viver as suas próprias vidas.”

“O guarda que revistou o Alquimista encontrou um pequeno frasco de cristal cheio de líquido, e um ovo de vidro amarelo, pouco maior que o ovo de uma galinha.
_ O que são estas coisas? – perguntou o guarda.
_ É a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida. É a grande obra dos Alquimistas. Quem beber este elixir jamais ficará doente, e uma lasca desta pedra transforma qualquer metal em ouro.
Os guardas riram a valer, e o Alquimista riu com eles. Tinham achado a resposta muito engraçada, e deixaram-nos partir sem maiores contratempos, com todos os seus pertences.
_O senhor é louco? – perguntou o rapaz ao Alquimista, quando já se tinham distanciado bastante. – Para que fez isto?
_ Para te mostrar uma simples lei do mundo – respondeu o Alquimista. – Quando temos os grandes tesouros diante de nós, nunca nos apercebemos. E sabes porquê? Porque os homens não acreditam em tesouros.”
Livro O Alquimista, Paulo Coelho

sábado, junho 9

Amizade

Uma cidade, duas amigas passeiam na rua.


1ª Amiga_ Olha quem é ela…_dirigindo-se a uma rapariga parada nos semáforos à espera que o sinal abra para os peões. _ Oláaa…. _ surpreendendo a outra.
Rapariga_ Ah olá! Então tudo bem? _ com um sorriso meio apagado, meio desconfortável.
1ª Amiga_ Tá tudo e contigo? Que andas aqui a fazer?
Rapariga_ Ah vim aqui tratar dumas coisas…_ entretanto o sinal abre.
1ª Amiga_ Oki, então xau! _ despedem-se com dois beijinhos rápidos e afastam-se.


2ª Amiga_ Então quem era?
1ª Amiga_ Aquela rapariga era a minha melhor amiga, éramos como irmãs, andávamos sempre juntas!


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